28 de abril de 2014

Chamando RESPONSABILIDADES Contra TRAGÉDIAS ou CRIMES.


Seguindo “lógicas evasivas” tais como a “retórica conciliatória” na qual deve-se “VER O FILME E NÃO SIMPLESMENTE A FOTO” ou o “mantra” da “lavagem cerebral” que afirma ser preferível avaliar a “EVOLUÇÃO DO PACIENTE E NÃO SEU QUADRO ATUAL”, uma abordagem simplista do PISA 2012 até poderia perspectivar para o Brasil motivos para comemoração se, também, “torcendo” os dados, fosse possível aceitar algum “lado bom”, ou “vantagem aventada”, sobre os resultados decepcionantes (“sofríveis”) mais uma vez obtidos que segue, continuamente, uma história de fracassos sucessivos.

No próprio Relatório do PISA 2012 (http://www.oecd.org/pisa/keyfindings/pisa-2012-results-volume-I.pdf), em BOX 1.2.4 Improving in PISA: Brazil (página 76), há indução no sentido de salvaguardar o pseudo benefício considerado no parágrafo precedente, pois chega-se, em dada medida, a se elogiar uma suposta melhoria dos resultados do Brasil em matemática quando comparados os correspondentes resultados anteriores do PISA 2003 e este último PISA de 2012.

Entretanto, a conclusão última (a despeito das tentativas complacentes centradas em contingentes peculiaridades tais como uma “ingênua” melhoria de uma para outra época) é que, no Brasil, a Educação piorou e muito. Além de estar longe de ser um razoável exemplo em Educação, o Brasil continua ocupando (como sempre) as últimas posições naquele ranking, tem um número pífio de alunos considerados TOP-PERFORMERS (alunos de ponta), tem alunos com limitada capacidade de solucionar problemas práticos do dia a dia, continua fracassando assustadoramente tanto em Leitura quanto em Ciências, mantendo, em consequência, neste dois últimos quesitos, as piores posições dentre os outros 65 (sessenta e cinco) países avaliados.

É constatado, em concordância com os resultados apresentados pelo PISA 2012, que apenas 1,8 por cento dos Alunos Brasileiros podem ser classificados como Alunos Extraordinários enquanto que em países como Singapura e Japão perto de um terço dos Alunos são Extraordinários. Contudo, não se deve esquecer que esta enorme quantidade de Alunos Extraordinários referenciada não é devida a existência de cérebros privilegiados nos correspondentes meninos e meninas avaliados, pois, conforme as evidências, são seres humanos normais em nada fantásticos a menos de serem favorecidos por uma Educação adequada, aprimorada e de excelência para evoluir e desenvolver.

Resultados sofríveis como os atingidos pelo Brasil seriam motivos de escândalo em países que trabalham para que seus JOVENS cidadãos tenham uma Educação pensada para o desenvolvimento de suas Nações e para a melhoria de vida de suas Populações. As sucessivas repetições de baixos e péssimos resultados não ocorreriam naqueles países, pois ao constatar resultados contrários aos PLANEJADOS, modificações drásticas e emergenciais seriam impostas nos paradigmas da Educação, responsabilidades seriam chamadas e um “saneamento” nas dificuldades teria sido implantado intensiva e prioritariamente. Entretanto, o Brasil vem ocupando seguidamente as últimas posições (tornando-se constante em semelhante prática: ficar nas últimas posições) nas edições do PISA e, na mesma estagnação, não são tomadas quaisquer ações efetivas para reverter o grave problema continuamente sinalizado. Os resultados são divulgados e o assunto passa batido na mídia, não gera interesse pela população, não vende jornal e os culpados não são reconhecidos (ou, são tornados ocultos).

Outro ponto notável de repugnante constatação é que a “maioria” julga que não tem RESPONSABILIDADE alguma sobre estes resultados absurdos (como é possível constatar, facilmente, em quaisquer locais, sejam eles acadêmicos ou não). O problema facilmente perde o foco, o tempo passa, o esquecimento toma conta e mais três anos serão contabilizados até que, de repente, surgem os novos resultados assustadores sem que um trabalho sério e intensificado tenha sido desenvolvido previamente.

O PISA (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), em inglês Programme for International Student Assessment, constitui uma iniciativa internacional de Avaliação Comparada a qual é aplicada a Estudantes na faixa dos 15 anos, idade segundo a qual é assumido que os Alunos tenham concluído a Escolaridade Básica Obrigatória na maioria dos países.

O PISA, administrado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em francês Organisation de Coopération et de Développement Économiques, objetiva medir o conhecimento e a habilidade dos Alunos segundo três eixos (Leitura, Matemática e Ciências) para produzir indicadores que permitam a séria discussão sobre a qualidade da Educação de forma a possibilitar (e obrigar) a instauração de políticas de melhoria constante do Ensino Básico necessário para a formação adequada dos JOVENS Cidadãos do Mundo Contemporâneo.

O PISA é aplicado a cada três anos e já foi editado nos anos de 2000, 2003, 2006, 2009 e 2012. A cada edição o PISA focaliza (prioriza) uma das três dimensões: Leitura, Matemática, Ciências. Em 2000, o foco foi em Leitura; em 2003, Matemática; e em 2006, Ciências. Já em 2009, o PISA 2009 dá início a um novo ciclo do programa e, novamente, passa a focar o domínio de Leitura. Na última edição, em 2012, Matemática passou a ser o foco. O PISA 2015 focalizará a dimensão das Ciências.

Os resultados do PISA 2012 constituem mais uma vergonha para a Educação do BRAZIL. Entre 65 países comparados, o nosso Brasil ficou em quinquagésimo oitavo lugar em Matemática (com 391 pontos, cuja média da OCDE foi de 494 pontos), quinquagésimo quinto lugar em Leitura (com 410 pontos, cuja média da OCDE foi de 496 pontos), e, em quinquagésimo nono lugar em Ciências (com 405 pontos, cuja média da OCDE foi de 501 pontos). Para um país que se diz EMERGENTE, possivelmente a quinta economia do mundo, o suposto país mais importante dos BRICS, os resultados do PISA 2012 demonstram apenas o país subdesenvolvido que continua sendo o Brasil.


É triste a situação. Mas, mais triste ainda é saber que existem tentativas “sistematizadas” de se “subverter” os péssimos resultados obtidos em algum tipo de vantagem, pois é aventada uma melhoria nos baixos resultados divulgados. Entretanto, pouco vale estar “melhorando” quando os indicadores evoluem simplesmente porque os resultados das avaliações anteriores estavam em patamares muito, muito baixos, inaceitáveis, ridículos. Não se deve esquecer, por exemplo, que houve época em que a avaliação em Leitura apontou que os Alunos Brasileiros tinham dificuldades até mesmo para “LER” a PROVA aplicada.

Numa visão estreita, é defendido que o Brasil não somente evoluiu em Matemática da edição de 2009 para a edição de 2012, como também, vem evoluindo desde a primeira edição do PISA, pois obteve em 2000, 2003, 2006, 2009 e 2012, respectivamente, 334, 356, 370, 386 e 391 pontos. Fecha-se o quadro nesta sequência e apaga-se tudo o mais?

Absurdo, pois diante desta mesma sequência é percebido, por exemplo, que o Brasil cai de quinquagésimo sétimo lugar (em 2009) para quinquagésimo oitavo lugar (em 2012). Ou se estaria aventando que passar de quinquagésimo sétimo lugar para quinquagésimo oitavo lugar em uma escala invertida do primeiro ao último lugar é obter algum tipo de vitória. A China (Xangai) obteve os seus 618 (seiscentos e dezoito) pontos na avaliação em Matemática no PISA 2012. Como se ouve dizer foram apenas 227 (duzentos e vinte e sete) pontos a mais que Brasil. Mas, não há como esconder que o mesmo Brasil evoluiu, ao longo da história do PISA, em 12 (doze) anos, os seus incríveis 57 (cinquenta e sete) pontos (tão somente).

Além do mais, não há como deixar de escandalizar, também, que o Brasil piora nas duas outras dimensões, pois em Literatura passou do quinquagésimo terceiro (em 2009) para o quinquagésimo quinto lugar (em 2012), e, em Ciências, passou do quinquagésimo terceiro (em 2009) para o quinquagésimo nono lugar (em 2012). Vergonha Nacional. No que consiste a “suposta” vitória no PISA 2012 tanto alardeada (e comemorada) nos (poucos) ambientes educacionais no Brasil que (ao menos) conhecem o que significa o PISA?

Ironias deixadas de lado e fantasias identificadas, a “foto” do Brasil na Educação Básica, absolutamente, não é boa, é péssima. Entretanto, o “filme” é pior ainda. A história do PISA demonstra as sucessivas “tragédias”.

O quadro é o seguinte: (01) em Leitura a maioria dos Alunos Brasileiros não alcançam o nível 2 de desempenho na avaliação que apresenta o nível 6 como o máximo a atingir, o que implica afirmar que os mesmos não são capazes de deduzir informações do texto, não conseguem estabelecer relações entre as partes do texto e não conseguem compreender nuances da linguagem; (02) em Ciências, os Alunos Brasileiros alcançam apenas o nível 1 de conhecimento, ou seja, são capazes de aplicar o pouco que sabem apenas a poucas situações de seu dia a dia e não conseguem apresentar explicações científicas mesmo que as mesmas estejam explícitas nas evidências; e, (03) em Matemática, a despeito de pífio avanço (mas, relativo, insista-se neste ponto), a maioria dos Alunos Brasileiros não conseguem interpretar situações que venham exigir tão somente deduções simples e diretas da informação dada, não compreendem percentuais, frações ou gráficos.

Ou, diante destes resultados do PISA, mais que sucessivas “tragédias”, são praticados “crimes”, são intensificadas “violações” para cercear o DIREITO DE SABER para se DESENVOLVER E EVOLUIR.

Carlos Magno Corrêa Dias
28/04/2014